sábado, 7 de abril de 2012

Porque já era tempo de aprender...

Antes do jantar estive a assistir a um programa o qual já tinha visto a apresentação mas não propriamente a coisa em si. É mais um género de reality show em que uma mulherzita ensina os pais americanos mais controladores e obcecados de todos os tempos a aprenderem a não pôr os filhos numa redoma de vidro para sempre. É daquele tipo de gente, como a mãe do episódio de hoje, que não deixa as filhas passear os cães à rua, ir comprar coisas à mercearia mais próxima, cozinhar ou ir para a escola sozinhas. As mais novas nem sequer sabiam trancar a porta de casa...

Pois bem, isto tudo fez-me lembrar a minha vida antes de ir para a universidade. Cheguei lá sem saber cozinhar, ligar um fogão, pôr um ferro de engomar a funceminar e usá-lo, mexer numa máquina de lavar roupa, e coisas que tais. A melhor coisinha que sabia fazer era limpar o pó e varrer, talvez mais do que muitos podem almejar. De um momento para o outro, tinha uma casa para tratar. Na altura quem cozinhava para todas era a santa da Sandrinha, a casa ia sendo limpa por todas e a máquina de lavar roupa não funcionava, daí que também não a usávamos.

Um dia vi-me sozinha em casa, sem comida feita. O que é que eu fiz? Liguei à Sandrinha a perguntar como se fazia arroz e fui ao msn perguntar a alguém como se temperava um bife. Foi a minha primeira aventura culinária, e devo dizer que ficou bem bom. A Sandrinha depois telefonou como tinha corrido a coisa... Com certeza estava com medo que pegasse fogo à cozinha, o que era legítimo. Pouco tempo depois acabou o meu primeiro ano lectivo e mudei de casa, um local onde ninguém ia fazer nada por mim. Agora faço as minhas próprias refeições, mesmo que nada sofisticadas, e não me cai nem unhas ao chão nem parentes à lama. Às vezes queimo-me... mas faz parte.

Quanto a limpar a casa, agora temos senhoras para fazer isso por nós. Aleluia! Que caso contrário ainda havia de ser pão bolorento por todo o canto e esquina (as minhas pêgas sabem do que eu estou a falar =P). Relativamente à roupa, agora é lavada lá, que a Carla ensinou-me a mexer no trambolho antes de se ir embora, e ainda na válvula para se mudar a garrafa do gás. Também já domino o ferro. Quando o levei para Braga nem sabia por onde se pegava. Depois a Micas passou a usá-lo e explicou-me o que fazer com aquilo. Felizmente raras são as vezes que o uso, que eu apanho logo a roupa mal seca, dobro-a muito bem dobradinha, e é só meter no armário. Mas há sempre uma ou outra peça que necessita de ser engomada, coisa que também já sei fazer.

Resumindo, estou uma quase fada do lar, porém ainda muito preguiçosa para o ser verdadeiramente. Ainda assim, ninguém cozinha por mim ou faz as tarefas que me competem. Posso ter falta de vontade para mexer o rabo do sofá, o que ainda vai acontecendo algumas vezes, mas não tenho escravas. Até já aprendi a pôr o quadro da luz como deve de ser depois da mesma ir abaixo e se atirar para o meio do chão. E quando não sei o que fazer, já não me dá o panicanço fora de horas e tento desenrascar-me o melhor que conseguir. É certo que a minha mãe me podia ter posto a fazer as tarefas de casa há uns anos atrás, mas ela tinha medo que me cortasse com as facas ou que me queimasse com o ferro. Eventualmente acabei por aprender tudo isso com a ajuda de colegas e amigos, ou mesmo sozinha, daí que penso que não foi nada de grave, excepto das figuras de ursa das quais era protagonista.

Sim, podia ter chegado à universidade e já saber tudo isto que vos descrevi, todavia, se calhar não teria o mesmo impacto e importância que teve ao aprender mais tarde e fora da redoma em que muitos de nós fomos metidos enquanto crianças e adolescentes. Por tudo o que me ensinaram com palavras, aprendi mil vezes mais a fazê-las muitas vezes sozinhas. Pensar que uma criança ou adolescente é uma criaturinha burra e que não consegue alcançar o que quer que seja por si própria é uma grande arrogância por parte dos mais crescidos. Sei disso agora, e espero não cometer o mesmo erro quando for mãe. Ou pelo menos assim o espero. E já agora, um muito obrigada a toda vocês que contribuíram para que me tornasse uma dona de casa aceitável, e ao foufinho também =P


P.S.: O programa em questão chama-se Worst Mom Ever, e é transmitido pelo TLC. A senhora acima é a "professora da pais neuróticos", e o seu filhote =)

5 comentários:

  1. Mmmm... isso de fazeres as coisas não deve ser quando ai estou :P

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  2. Foi a melhor coisa que me aconteceu...ter saido de casa aos 18 anos.

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  3. Heartless - Quando aqui estás, dividem-se as tarefas: eu sujo, tu limpas, tu cozinhas, eu como... xD

    XL - Amén!

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  4. Eu já vi esse programa algumas vezes, os Americanos são super exagerados, e depois dizem coisas dos Europeus!

    Olha eu sei fazer tudo, e nunca tive de fazer nada em casa, mas eu gosto de saber fazer este tipo de coisinhas caseirinhas! Quando morei sozinha, a única coisa que aprendi que não sabia, era pôr a máquina de lavar roupa a funcionar!

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  5. Ritinha - Os americanos nunca foram exemplo para ninguém, eles é que gostam de pensar que sim. Eu só aprendi quando vim para a universidade, mas ainda bem que sim, que agora não preciso que a minha mãe faça comida para uma semana e congele, para depois eu trazer e limitar-me a descongelar tupperwares... --'

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