quinta-feira, 19 de junho de 2014

A "Besta" #2 - O (Des)Acordo Ortográfico

Hoje, durante a tarde, comecei finalmente a escrever a tese de mestrado. Até aqui tinha feito alguns apontamentos e sistematização de ideias, para me ajudar com a elaboração propriamente dita da "besta". Umas linhas aqui e ali. Mas parece que quanto mais sei e pesquiso, mais me embaralho naquilo que quero transmitir... Parece fácil...!!

Como fiel companheira tenho... a música. Acompanhada quer pela rádio ou pela giganómica playlist que por estes lados entope o meu computador, a árdua tarefa adquire uma nova e refrescante leveza. Hoje temos croissant musicale com Tuomas Holopainen e o seu The Life and Times of Scrooge - um álbum magnífico!!

Mas pior do que estar soterrada de papeledo por todo o lado, é a m*rda do (des)acordo ortográfico, que sou obrigada a seguir segundo as orientações da UMinho. É que não bastam as regras de formatação da tese... não!! Tens que deixar de saber escrever Nightwish Maria!! 

Sinceramente, não sei quem se lembrou de umas coisa tão estúpida! (Até sei, mas isso agora não interessa para o caso...). Eu cá estou com o Sr. Magistrado Rui Teixeira (e eu até nem vou muito à bola com esses senhores...), quando defendeu (e bem!) que os tribunais não estão obrigados a cumprir a resolução do Conselho de Ministros que determina a adopção das novas regras em todos os serviços da administração pública, escrevendo relativamente à questão:

"Nos tribunais, pelo menos neste [Torres Vedras], os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a língua portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário"

Claro que isto valeu-lhe um processo disciplinar... Contudo, acho que não aconteceu nada ao Vasco Graça Moura, quando ordenou que fosse "desligado" o corrector automático do novo (des)Acordo dos computadores do CCB, para que os textos produzidos por esta instituição permanecessem de acordo com a grafia antiga (e arrisco-me a dizer, correcta).

Até os PALOP disseram terminantemente não aplicar este (des)Acordo que também os vincula, por serem países de expressão portuguesa. Não, eles querem escrever português, e não uma invenção qualquer vinda do fundo dos infernos. Os brasileiros também não concordam, mas é certo que nada fizeram até ao momento, que eu saiba. E então e nós? Porque é que nós deixamos que nos descaracterizem a língua que, é um símbolo nacional?!?! Pois bem, eu não entendo... É verdade que a nossa língua evoluiu muito ao longo dos séculos, e outros acordos ocorreram... mas nenhum como este. Um (des)Acordo impingido, desprovido de qualquer senso.

Eu não sofri desse mal, mas conheço milhentas pessoas que levaram reguadas nas mãos para aprenderem a escrever correcto, "c", "p" e "h" mudos incluídos. Agora estamos a privilegiar os preguiçosos. Acho que nunca me vou habituar a esta coisa, especialmente porque parece que as regras deste (des)Acordo vão ser novamente mudadas... Isso significa que, entretanto, eu já comprei livros que, no futuro, vão efectivamente conter erros ortográficos. Se é para escangalhar esta porra toda, então que se decidam e esconchavem a nossa língua de uma vez por todas.




Enfim... vou continuar a escrever e a ouvir música. E esta última, felizmente, não tem acordos e desacordos... é universal! =)

11 comentários:

  1. O meu word já tem o corrector com o novo acordo incorporado (desacordo, aliás xD). E é tão irritante estar a escrever correctamente e o gajo dizer-me que aquilo está errado --'
    Este acordo faz-me imensa confusão. Qual é a lógica de se tirar o acento da palavra "pára", por exemplo, ou cortar os c's a torto e a direito? Eu, se vejo uma palavra sem o c, tenho tendência a ler aquilo de outra forma xD Isto para não falar de tudo o resto...há uma grande diferença entre facto e fato, por exemplo...
    No dia em que me começarem a penalizar por escrever "mal" (isto é, pré-acordo), aí tudo bem, faço um esforço para tentar mudar. Mas, por enquanto, que se lixe. Continuo a escrever como sempre o fiz

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    1. Não sei qual a sua versão do Word, mas normalmente nas definições de verificação ortográfica há uma opção que lhe permite escolher o dicionário pré-acordo (ou seja, o correcto). Se não existir essa opção (como foi o meu caso, com o Word 2007) pode buscar uma actualização à página da Microsoft, no endereço abaixo indicado. Após a transferência, clique duas vezes para executar o spellerswitcherutility.exe, que irá criar um ficheiro chamado PTReform.exe na pasta que tiver indicado. Clicando duas vezes neste pequeno aplicativo poderá escolher a versão pré-acordo, e essa alteração será aplicada a todos os programas do MS Office. www.microsoft.com/pt-pt/download/details.aspx?id=5378

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    2. Muito agradecido pela preciosa informação, Rui Leite.
      Efectuado...

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  2. O meu word já tem o corrector com o novo acordo incorporado (desacordo, aliás xD). E é tão irritante estar a escrever correctamente e o gajo dizer-me que aquilo está errado --'
    Este acordo faz-me imensa confusão. Qual é a lógica de se tirar o acento da palavra "pára", por exemplo, ou cortar os c's a torto e a direito? Eu, se vejo uma palavra sem o c, tenho tendência a ler aquilo de outra forma xD Isto para não falar de tudo o resto...há uma grande diferença entre facto e fato, por exemplo...
    No dia em que me começarem a penalizar por escrever "mal" (isto é, pré-acordo), aí tudo bem, faço um esforço para tentar mudar. Mas, por enquanto, que se lixe. Continuo a escrever como sempre o fiz

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  3. Sabes o que penso disso, menina. Mas eu depois ajudo-te no que precisares :)

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  4. Também acho este acordo uma aberração, mas já desisti de resistir. Faço o que posso para cumprir, como faço com todas a leis, pois sei que tudo o que eu possa fazer/dizer sobre o (des)acordo, é tão eficaz como discutir o limite de velocidade dentro e fora das localidades, com um polícia bêbedo.
    Depois lembro-me que se não fossem os acordos e desacordos linguísticos, ainda andávamos a falar latim. xD

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    1. JS, mas então o AO não era para unificar a ortografia entre Portugal e o Brasil?
      Mas não o faz, aliás, até aumenta o número de palavras divergentes, logo não se trata duma questão de continuarmos a escrevermos latim ou português, mas, sim, de ser o AO uma falácia, e, como tal, inútil.

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  5. Saiba que ninguém a pode obrigar a utilizar o Acordo Ortográfico, até porque ainda decorre o período de transição até Maio de 2015. Não há nenhum documento escrito que legitime esse tipo de coacção por parte das universidades – é perfeitamente ilegítimo e ilegal, tendo até em conta o código do direito de autor.

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  6. Acredita que eu, ainda fora do país, não concordo com o novo acordo ortográfico e não o aplico quando escrevo pois parece-me a maior estupidez que fizeram à língua portuguesa. A mim ensinara-me de uma forma e não vou mudar isso só porque dizem uns tantos totós que não sabem escrever :P

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  7. Tenho conhecimento de uma aluna de Mestrado da UMinho que se recusou a usar o AO. Faça o mesmo, "Nightwish". É preciso resistir.

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  8. Ice Queen - Também tenho os mesmos problemas que tu... O meu computador actualizou automaticamente para o acordo, mas já sei como contornar esse problema. Quanto ao acentos e letras que "caíram", muitas coisas mudaram de tal forma que o significado ficou comprometido para quem lê à primeira. Agora quase dou por mim sem saber ler...

    Rui Leite - Não sei quem és, mas caíste-me do céu!! Vou já pôr este Word como deve de ser!!

    Heartless - Sim, eu sei que o teu problema é pior que o meu... =/

    JS - Preferia falar latim que esta aberração! E que eu saiba, ainda não coimam o pessoal por escrever como lhes dá na gana, senão aquelas "criaturas" que escrevem com "k" e "x" por todo o lado e que ninguém os entende já estavam na solitária à pacotes. Mas, como disse, uma coisa é a evolução normal da língua, não uma imposição ditada por interesses alheios... nestes casos, é só "seguir o dinheiro"...

    João Félix Galizes - Sim, não é bem um uniformizador, visto que há palavras que mantêm as duas grafias e que, no caso de as letras mudas não serem "assim tão mudas" numa das variantes da língua portuguesa, mantêm-se como estão numa dessas variantes, e na outra não...

    Ricardo Horta - Muito obrigada pelo seu comentário! Ajudou muito para enquadrar o problema.

    Pedro - Estupidez, é a palavra certa!!

    Teresa Ramalho - Não fazia ideia que uma colega tinha tomado essa posição. E se depender de mim, também o farei.

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